segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Arctia caja - frisky summer nights


Arctia caja (Arctiidae) - the colourful and brightly coloured moth is on the wing during the heat of Summer nights throughout Europe and northern North America in a range of different subspecies and forms.
Although very variable, the stunning pattern is somewhat unmistakable and the Garden-tiger, as it is called in the UK is a well known species by many, defying the too established thought that moths are drab and secretive creatures of the night.

In Portugal this species is fairly limited to Supramediterranean and Temperate forests in the mountainous north with a high rainfall and good forest cover with little alien species and traditional agriculture practices.

domingo, 20 de novembro de 2011

Cornifrons ulceratalis

No passado 17 de Novembro encontrei em Lisboa uma pequena borboleta da família Crambidae que à primeira vista não consegui identificar.
A consulta da bibliografia e a internet permitiu chegar à conclusão de que se trata de uma Cornifrons ulceratalis Lederer, 1858, uma espécie que apenas tinha sido observada em Portugal em duas ocasiões, ambas no Algarve e ambas em 1994. Este é portanto não só o primeiro registo em quase 20 anos em Portugal como é o mais a norte já registado no nosso país: e tudo fortuitamente enquanto me encontrava no local de trabalho, já que a borboleta esvoaçava nervosamente contra a janela da sala.


C. ulceratalis de 17-XI-2011

A Cornifrons ulceratalis pertence a um género com apenas três espécies, distribuindo-se as outras duas por zonas semi-desérticas da Califórnia e Arizona e a C. ulceratalis um pouco por todo o Norte de África e próximo oriente entre Marrocos e a Siria e o Irão. É ainda conhecida como migradora ocasional no sul da Europa (Espanha, França, Itália, etc.) sendo arrastada por ventos fortes de Sul, acompanhando outras espécies migratórias.

Em 2009 foi alvo de um interessante artigo devido ao seu achado em Espanha e França nos dias a seguir a ventos predominantes vindos do norte de África que além de trazerem outras espécies migratórias abundantes nesta altura do ano, trouxeram poeira vinda do deserto e pôde-se determinar as possíveis zonas de origem dos exemplares avistados.
O artigo encontra-se aqui.

O exemplar agora localizado em Lisboa, após um período de intenso temporal en todo o país poderá ser o primeiro de muitos que terão sido trazidos pelos ventos predominantes de sul na semana anterior e que originaram a certo ponto até a existência de super-células e temporal forte.


Vista lateral do mesmo exemplar de C. ulceratalis.

Trata-se pois de mais um registo importante para a monitorização quer das alterações climáticas quer da composição da biodiversidade em Portugal, o conhecimento de mais registos através do armadilhamento nocturno ou mesmo de fotografia de borboletas encontradas poderá proporcionar-nos uma perspectiva mais acertada do que se passa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma noite observando borboletas nocturnas no Alentejo

O Alentejo é aquela região de Portugal que despertou para o estudo da biodiversidade apenas muito recentemente. É que por um lado a riqueza, a aristocracia (as pessoas que têm tempo) e efectivamente a maior parte da população sempre viveu ou na franja litoral entre Lisboa e o Porto ou então no norte do país. A proximidade a esses locais mais húmidos e ou montanhosos e luxuriantes e a distância enorme para uma região deprimida economicamente e pouco acidentada em tudo dificultaram o estudo da rica fauna e flora que existe no Alentejo.
Foi apenas com o despertar do Algarve em meados do século XX como destino turístico que as vias começaram a ser melhoradas e tornou-se mais fácil aí chegar. Apesar de ser "apenas uma vasta zona plana" no caminho das praias algarvias, devagarinho se começou a olhar mais para os tesouros escondidos do Alentejo.
Longe de ser apenas a vasta planície de erva doirada onde o pôr-do-sol de final de Verão não deve nada ao tipicamente africano, pautada pela ocasional azinheira ou o altivo "Monte", o Alentejo possui uma variedade de habitats e ecossistemas notável fruto da sua extensão e micro-climas, das diferentes práticas agrícolas e da imensamente variada geologia.
No que diz respeito às borboletas, que como me canso de dizer, são um dos melhores grupos que podemos estudar para avaliar o estado de saúde dos ecossistemas apenas muito recentemente se tem prestado alguma atenção ao Alentejo: é uma região enorme, fracamente povoada, há poucos borboletólogos e é preciso algum engenho e arte para encontrar borboletas que pela secura que pauta esta região têm períodos de voo algo ajustados aos fugazes períodos mais favoráveis, entre o final do Inverno e Junho e no final do Outono: o Verão é geralmente tórrido e o Inverno húmido e frio.
Nos últimos anos eu, o Dinis Cortes e o Ivo Rodrigues temo-nos dedicado a tentar saber que espécies de borboletas nocturnas existem no Alentejo profundo e sempre que possível têm se feito sessões de armadilhamento para assim podermos estudar uma interessante fauna tipicamente mediterrânica e ainda desconhecida. Temos tido também a ajuda / companhia frequente de inúmeros colegas e amigos que tornam tudo mais especial.

No passado inicio de Abril lá fui eu, o habitual Dinis Cortes e o Fernando Romão tentar armadilhar numa zona a sul de Serpa, perto do Pulo do Lobo onde nunca antes se havia armadilhado por borboletas nocturnas. Trata-se de uma zona de meia encosta perto da Ribeira de Limas. Estávamos rodeados de matagal mediterrânico de estevas e azinheiras sobre substrato de xistos, habitat que não sendo demasiado rico é típico de uma vasta área no sul de Portugal.

Dinis Cortes e Fernando Romão... em acção.

Foi visto um total de 56 espécies diferentes, a maioria componentes de uma característica fauna primaveril mediterrânica que em Portugal podemos encontrar no Algarve, no Alentejo e algumas espécies no vale encaixado do Douro.
Ora aqui alguns exemplos, que mostram a diversidade de formas, cores e padrões nas borboletas nocturnas.


Gnopharmia stevenaria (Geometridae)


Dyscia penulataria e Dyscia distinctaria (Geometridae), duas espécies semelhantes morfologicamente, distintas ecologicamente.


Omphalophana serrata (Noctuidae) - incomum espécie mediterrânica.


Synthimia fixa (Noctuidae) - na Primavera, esta espécie é típica nestes habitats, voando de dia e de noite.


Zethes insularis - Espécie subtropical, rara em Portugal e agora nova para o Alentejo.


Lymantria atlantica (Lymantridae)

domingo, 17 de abril de 2011

Flores do campo

A Primavera é por excelência a estação das flores. Após um inverno mais ou menos frio, em que a biodiversidade se encontra como que em vida suspensa, a chegada da Primavera e as suas temperaturas amenas fazem desabrochar as flores enquanto os insectos atarefados só se ocupam da sua própria reprodução e acumular combustível para o fazer!
É então uma oportunidade para fotografar algumas das criações mais singulares da Natureza: a forma como as Angiospérmicas evoluiram aproveitando os insectos (e outros animais em menor medida) para se disseminarem pelo globo e assim se diversificarem é notável, a diversidade é notável e não deixarão o naturalista mais atento indiferente!
Cá vai uma pequena amostra... espero que gostem :D

Fritillaria lusitanica (Liliaceae) - espécie endémica da Península Ibérica, cresce em zonas de matagal e prados mediterrânicos. PN Sintra-Cascais.


Platycapnos spicata (Papaveraceae) - Nativa de campos agrícolas e pousios sobre solos algo básicos na Península Ibérica, Norte de África e Macaronésia preenche-os de cor na Primavera. Parece uma "Fumaria de flores condensadas". Estremoz.


Matthiola fruticulosa (Cruciferae) - Goivo selvagem encontrado em zonas pedregosas entre Portugal e França. P N da Arrábida.


Narcissus bulbocodium (Amaryllidaceae)- Também endémico da área entre Portugal e França é um abundante narciso que floresce a partir do final do Inverno. Peniche.


Ophrys algarvensis (Orchidaceae) - Rara orquídea endémica do Algarve a isoladas localidades na Andaluzia espanhola, sendo calcícola e estando presente em populações discretas na faixa algarvia do barrocal. Algarve.


Dipcadi serotinum (Liliaceae) - Curiosa liliácea que floresce a partir da Primavera em zonas pedregosas mediterrânicas. As flores parecem de plástico! Beja.


Tuberaria guttata (Cistaceae) - Ao contrário das estevas, arbustos bem vistosos e perenes esta espécie é anual e o seu periodo vegetativo é bem mais efémero mas coroam os prados mediterrânicos xerotermófilos de um colorido intenso! Moura.


Lathyrus cicera (Fabaceae) - Uma ervilheira selvagem típica de prados mais ou menos mésicos em ambiente mediterrânico mas distribuida por toda a Europa e Médio Oriente. A cor salmão das flores é típica. Vila Franca Xira.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Flightless (extremelly rare) iberian meadow mantis

Apteromantis aptera is one of the rarest mantis species in Europe. In fact, it is strictly endemic to a few areas in the south of the Iberian Peninsula where it is a meadow species, hopping pretty much like a grasshopper and thus overlooked by most naturalists.

We could find a new population of this Near Threatened and covered by Annex II of the Bern Convention species last weekend in a biodiversity rich area in Baixo Alentejo, Southern Portugal.

As far as I know, there are only about half a dozen records from Portugal and this adds a little more data to the known distribution of this very rare species.



Apteromantis aptera

More info about it and first reference for the species in Portugal here

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Natrix maura


Head close-up of a Viperine-snake


Natrix maura at Monfurado, Alentejo, Portugal.

Native to western mediterranean countries (Portugal, Spain, France, Switzerland, Italy, Morocco, Algeria, Tunisia and Libya) and introduced to England, the Viperine-snake is an inhabitant of temporary water bodies like streams and ponds with a good vegetation cover in thermophilous situations.


Typical habitat: mediterranean temporary stream with lush vegetation: Herdade do Esporão, Alentejo, Portugal.

This species is usually found during the day basking on the edge of their watery habitats or seen hunting in the water where they capture mostly fish, tadpoles and insects.


Viperine-snake hunting at Grândola, Alentejo, Portugal.

sábado, 2 de abril de 2011

O que é uma espécie?

Esta pergunta tem andado nas bocas de quem se interessa pela Natureza e pela Evolução um pouco desde sempre, mesmo quando não se pensava formalmente em evolução e mesmo quando apenas encarávamos a Natureza como algo lá forma que podiamos utilizar apenas para nosso bel-prazer.

Acontece que o conceito de espécie não é único e varia consoante o grupo que estudamos, varia consoante o isolamento das populações, o seu papel ecológico e mesmo o ambiente político das populações humanas! É verdade, é em grande maioria subjectivo já que é uma concepção essencialmente humana... Sim, existem entidades biológicas na Natureza, que trocam material genético e procuram a sobrevivência das suas moléculas indefinidamente e geralmente não o fazem com outras muito diferentes mas não só os acasos acontecem como por vezes são vantajosos (se bem que a ciência nos diz que raramente, mais em plantas que em animais, mais nuns que noutros)!

Os cientistas gostam de rotular tudo, aliás, todos nós o gostamos um pouco, já que a nossa mente funciona melhor a compartimentalizar, individualizar e identificar para depois relacionar conceitos. Mas a verdade é que os seres vivos não parecem funcionar tanto assim e talvez definissemos a biodiversidade mais como um contínuo em que existem decerto solavancos (onde o contínuo é menos aparente) nas relações entre cada entidade (o indivíduo, a população, o conjunto de populações que definem a espécie?). Esses solavancos são importantes e geralmente chamamos espécies mas como disse, o conceito varia com o que estudamos.

Este paleio todo vem relacionado com um grupo que me tem despertado interesse recentemente: as orquídeas.
A família Orchidaceae é uma das famílias de plantas com maior diversidade mundial, mais de 20 000 espécies fundamentalmente tropicais mas um pouco por todo o mundo e com uma história evolutiva das mais interessantes: a estreita relação com os seus polinizadores. A sua dinãmica ecológica implica que estão sujeitas a pressões selectivas muito intensas e essa evolução vê-se mais facilmente onde essa pressão é mais intensa: nas flores.
Algumas das flores das orquídeas mais interessantes são as do género Ophrys, as orquídeas-abelha que como o nome indica, não só se assemelham a insectos como o seu objectivo é atrair alguma espécie em particular ou um grupo em geral, dependendo da espécie. Estas orquídeas não produzem néctar e por isso têm de ser mesmo muito convincentes já que os insectos não caem muitas vezes na mesma esparrela. É esta pressão intensa de sobrevivência que faz com que as orquídeas se apresentem tão variáveis nos seus padrões e sejam um pesadelo para os biólogos e naturalistas que querem rotular tudo ao máximo, e daí o conceito de espécie.

O motivo para esta prosa toda está relacionado com a imagem seguinte, que sugiro que seja apreciada pelo menos durante um minuto inteiro, com atenção aos detalhes:


Ophrys spp. grupo fusca-subfusca.

Trata-se de uma compilação de 10 fotos representando 5 indivíduos diferentes de orquídeas do grupo Ophrys fusca fotografadas na região de Palmela em 30 Março 2011, todas na mesma área de cerca de 20m2!
Factos e coisas:
1) Para alguns autores estamos perante uma única espécie muito variável, Ophrys fusca.
2) Para outros, na foto estariam representadas 3 espécies diferentes: O. lucentina (1 e 2); O. lupercalis (3 e 4) e O. fusca.
3) Para outros, O. lupercalis é apenas uma subespécie de O. fusca.
4) Julgo não haver estudos quanto aos polinizadores mas parece-me dificil que a existência destas formas todas numa população esteja relacionada com contactos secundários em vez de um polimorfismo natural de uma espécie. Simplesmente algumas populações serão mais monomórficas que outras (por deriva genética, por efeito-gargalo...) e estarão mais perto da fixação de alguns alelos.
5) Estudos genéticos de 2005 indicam que não existe diferenciação genética entre qualquer uma destas formas mas consistentes diferenças morfológicas entre lucentina e as outras, que nalgumas análises aparecem individualizadas segundo a concepção das 3 espécies (e outras mais).

Organizei as fotos de modo a aparentar a existência de um gradiente... não vos é aparente também? Em que ficamos? Eu queria mesmo rotular tudo mas a ideia de pensar neste grupo em plena evolução e em todo o dinamismo que revela parece-me muito mais interessante nisto de fruir a Natureza!

terça-feira, 8 de março de 2011

Euchloe tagis: muito mais que apenas uma borboleta branca.

No início de Março, quando os primeiros raios de sol primaveris fazem despontar as primeiras flores de rosmaninho, as orquídeas mais singulares e aquecem as encostas das serras calcárias de Portugal surge uma pequena borboleta branca a voar nervosamente nas cumeadas e nas zonas de matagal mediterrânico mais bem conservado, a Branca-Portuguesa, a Euchloe tagis.



Esta borboleta diurna é aparentada com outras espécies conhecidas em Portugal como as borboletas da couve (género Pieris), a Maravilha (Colias croceus) ou a
Cleópatra (Gonepteryx cleopatra) que vemos habitualmente a voar nos nossos campos.



O que torna esta borboleta tão especial entre as cerca de 2500 espécies que existem no nosso país é o facto interessante de ter sido descrita pela primeira vez para a ciência segundo exemplares encontrados em Portugal, mais especificamente na península de Setúbal no final do século XVII!
Depois, foi descoberta em colónias sempre isoladas entre Portugal e o noroeste de Itália, sendo ainda conhecidas duas populações em Marrocos e outra na Argélia.


Distribuição mundial de E. tagis.

Curiosamente, durante perto de 200 anos até 2007, a Branca-Portuguesa apenas foi observada com alguma regularidade na Serra da Arrábida, a sua biologia em Portugal era praticamente desconhecida e é considerada “Em Perigo de Extinção” no mais recente livro As borboletas de Portugal, de Ernestino Maravalhas.

Em 2007 foi descoberta noutras três Serras portuguesas onde predominam substratos bem consolidados de origem sedimentar e que ainda apresentam algum matagal mediterrânico bem desenvolvido. Estas são a Serra da Adiça, no interior do Baixo Alentejo; as elevações calcárias do Anticlinal de Estremoz, entre Sousel e Vila Viçosa e no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.


Serra da Adiça, habitat de E. tagis.


Colinas cobertas de matagal mediterrânico bem desenvolvido: Estremoz.

A Euchloe tagis é uma especialista ecológica que depende não só dos solos calcários como as suas lagartas apenas utilizam algumas plantas para o seu desenvolvimento: as
Assembleias (da família das Cruciferas, couves e afins) pertencentes ao género Iberis, que em Portugal possui três espécies.


Iberis procumbens microcarpa: endemismo português, planta alimentícia de E. tagis tagis.

Os habitats onde ocorre esta borboleta são muito ricos em biodiversidade, o que é facilmente comprovado com um passeio em qualquer destas serras: à notável diversidade
florística, onde se destacam as espécies aromáticas como alecrim, rosmaninho, tomilhos e madressilvas e as espécies mais singulares (e endémicas) de orquídeas há que associar uma enorme riqueza em animais que vão desde os milhares de espécies de insectos aos mais conhecidos Lince Ibérico(que possivelmente partilha o seu habitat com a E. tagis na Serra da Adiça) e muitas espécies de aves de rapina.

Contudo, à semelhança de muitas outras espécies, os principais factores de ameaça às suas populações centram-se nas alterações ao uso do solo e consequente perda e
degradação de habitats. A urbanização crescente é um problema sério apontado como o principal motivador da extinção de algumas populações perto de Almada no séc XX
mas o advento recente da olivicultura intensiva no Alentejo com recurso a cultivares de intensa produção mas exigentes em herbicidas e pesticidas coloca em risco importantes manchas de habitat e a prevalência desta espécie na Serra da Adiça e na zona de Vila Viçosa e Estremoz. Finalmente, um factor de coacção importante é o desempenhado pelas explorações de inertes como os calcários e os mármores, de importância relevante no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e principalmente no Anticlinal de Estremoz.
Aqui, as pedreiras a céu-aberto são tão abundantes que os habitats propícios à espécie são agora exíguos e fragmentários.



O valor desta borboleta para os ecossistemas reside no facto de ser um bom bio-indicador de qualidade e sustentabilidade porque é sensível às alterações operadas sobre os seus habitats e responde muito rapidamente a elas. Ao conservarmos esta espécie estamos a conservar um legado e um ecossistema que alberga muitas outras espécies de valor incalculável.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Orchis collina

Se no final do inverno ou no princípio da primavera nos aventurarmos pelos caminhos ou nos sentarmos nas clareiras pedregosas da Serra da Adiça, no Baixo Alentejo profundo é possível que nos deparemos com uma das mais raras orquídeas em Portugal: a Orchis collina.

Orchis collina - hábito.

O seu pequeno porte e coloração lilás rosada fazem com que passe facilmente despercebida entre o denso matagal mediterrânico com elevado valor de conservação que cobre esta serra que se avista desde Beja ou Moura no horizonte. Obviamente que quando pensamos em orquídeas, rapidamente nos vêm à mente as enormes flores tropicais que vemos nas lojas ou nos jardins botânicos mas as orquídeas portuguesas não são menos espectaculares e a Orchis collina é mais um exemplo disso mesmo: a complexa estrutura das suas flores exige uma polinização realizada por determinados insectos mas a sua estratégia baseia-se no puro engano: possui cores atraentes, uma ampla plataforma de aterragem mas… não produz néctar! O pólen adere à cabeça da frustrada abelha, escaravelho ou borboleta que ao visitar outra orquídea a irá polinizar.

Pormenor da inflorescência.

A Orchis collina é uma espécie típica de colinas calcárias bem soleadas um pouco por toda a bacia mediterrânica mas em Portugal apenas pode ser encontrada na Serra da Adiça, de onde se conhece apenas desde 1992. É uma espécie rara, pouco conspícua e de difícil localização e a curta janela temporal em que a podemos encontrar em flor, de Janeiro a Março não ajuda ao maior conhecimento sobre ela.


O. collina f. flavescens - A forma hipocromática desta espécie é ainda mais rara.

O que sabemos, contudo, é que os habitats onde ocorre são também extremamente ricos em biodiversidade. A Serra da Adiça constitui um conjunto de elevações que se destacam claramente na peneplanície alentejana e o seu substrato calcário e formação de microclimas específicos consoante a orientação e disponibilidade de água permitem a existência de um grande número de espécies em que muitas delas são raras em Portugal. A diversidade de orquídeas é notável já que aqui ocorrem mais de 21 espécies diferentes, os insectos estão por todo o lado e aqui ocorre uma das quatro únicas populações nacionais da borboleta Branca-Portuguesa (Euchloe tagis) e é um dos últimos locais em Portugal onde ainda pode aparecer o Lince-Ibérico (Lynx pardinus).

Panorâmica da Serra da Adiça

Se querem saber mais sobre este local fantástico visitem o blog Serra da Adiça da autoria de Ivo Rodrigues, o seu maior conhecedor e especialista em orquídeas, asseguro-vos que vale a pena.

A Serra da Adiça, as suas orquídeas, fauna e flora estão ali, à espera de ser descobertas por cada um de nós, venha daí!

quarta-feira, 2 de março de 2011

In love with yourself






"Got your tummy full of love
Because you ate it
It hurts when you talk
And you dwell on it"


Acacia longifolia (Fabaceae)
Portugal

Acacia derives from the greek Akis, spiny or thorny, given that the majority of species, especially african are thorny trees.
A. longifolia is a south australian species acclimatised in Portugal and South Africa where it is highly invasive in sandy areas and disturbed ground and favoured by fire outbreaks outcompeting most native species.
Further, they produce allelopathic substances that inhibit the growth of other plants around their root system, preventing competition.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tomares ballus

Tomares ballus, the Provence Hairstreak is an interesting little butterfly species found only in western Europe from Portugal to southern France and in north Africa, from Morocco to Libya.
It belongs to a genus which is found throughout the whole Holomediterranean and central Asiatic area, from the Atlantic to the Himalayas and encompassing about 9 species. They are all rather secretive and local species in scrubland or rocky xeric habitats and aren't well known by most people because they fly so early in the year.


Male Tomares ballus

For instance, Tomares ballus can be seen on the wing as early in the season as late December in Morocco until mid March although it's normal flight period goes from late February to mid April, depending on weather, altitude and sun exposure.


Female Tomares ballus, a bit more colourful than the male

In Portugal this species is found sparsely and it's distribution is not very well known because of its early flight period. There are colonies known from pretty much the whole of the country although it seems to prefer xerothermophilous situations in rather mesic habitats (clearings, calcareous hills) in the western and southern part of the country and colonies are very local with a small number of individuals.


Typical habitat, mediterranean scrubland covered xerothermophilous hills.

Females are more commonly seen and both sexes can be usually flushed out of the most usual foodplant, Astragalus lusitanicus (Erophaca baetica).


Footplant: Astragalus lusitanicus (Fabaceae), forming characteristic clutches.

This is quite a difficult species to photograph as the butterflies are rather wary and tend to land in difficult positions for the photographer, among grasses and the foodplant, so one needs to be (very!) patient.


Female Tomares ballus on A. lusitanicus. (Near the centre of the picture)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Playing bowies with me



"It won't do it for me
Cus I can perceive
The tricks of your sleeve
Your magician days are gone"


slug on gorse (Ulex europaeus), Limacidae (Gatropoda)
Mafra, Portugal

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

You and I





"Drawn into a world of choices,
Bitter hearts and angry voices"


Ciconia ciconia (Aves, Ciconiidae)
Alentejo, Portugal.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

You know who I am




"And who cares if they don't ever understand
And I love you because you know who I am"

Alytes cisternasii (Anura, Alytidae)
Alentejo, Portugal
[these pictures are also featured on the ARKive website, devoted to the broadcasting of rare and charismatic species all over the world: http://www.arkive.org/iberian-midwife-toad/alytes-cisternasii/ ]