domingo, 20 de novembro de 2011

Cornifrons ulceratalis

No passado 17 de Novembro encontrei em Lisboa uma pequena borboleta da família Crambidae que à primeira vista não consegui identificar.
A consulta da bibliografia e a internet permitiu chegar à conclusão de que se trata de uma Cornifrons ulceratalis Lederer, 1858, uma espécie que apenas tinha sido observada em Portugal em duas ocasiões, ambas no Algarve e ambas em 1994. Este é portanto não só o primeiro registo em quase 20 anos em Portugal como é o mais a norte já registado no nosso país: e tudo fortuitamente enquanto me encontrava no local de trabalho, já que a borboleta esvoaçava nervosamente contra a janela da sala.


C. ulceratalis de 17-XI-2011

A Cornifrons ulceratalis pertence a um género com apenas três espécies, distribuindo-se as outras duas por zonas semi-desérticas da Califórnia e Arizona e a C. ulceratalis um pouco por todo o Norte de África e próximo oriente entre Marrocos e a Siria e o Irão. É ainda conhecida como migradora ocasional no sul da Europa (Espanha, França, Itália, etc.) sendo arrastada por ventos fortes de Sul, acompanhando outras espécies migratórias.

Em 2009 foi alvo de um interessante artigo devido ao seu achado em Espanha e França nos dias a seguir a ventos predominantes vindos do norte de África que além de trazerem outras espécies migratórias abundantes nesta altura do ano, trouxeram poeira vinda do deserto e pôde-se determinar as possíveis zonas de origem dos exemplares avistados.
O artigo encontra-se aqui.

O exemplar agora localizado em Lisboa, após um período de intenso temporal en todo o país poderá ser o primeiro de muitos que terão sido trazidos pelos ventos predominantes de sul na semana anterior e que originaram a certo ponto até a existência de super-células e temporal forte.


Vista lateral do mesmo exemplar de C. ulceratalis.

Trata-se pois de mais um registo importante para a monitorização quer das alterações climáticas quer da composição da biodiversidade em Portugal, o conhecimento de mais registos através do armadilhamento nocturno ou mesmo de fotografia de borboletas encontradas poderá proporcionar-nos uma perspectiva mais acertada do que se passa.

1 comentário:

Luis Ferreira disse...

Granda malha Marabicho! Parabéns